Publicado em Cultura, Reflexão

Olha pro céu meu amor

Ano após ano é cada vez mais notável a transformação que vem ocorrendo no modo junino de festejar. As típicas quermesses que antes contavam com forró e pratos típicos vêm se adaptando para sobreviverem ao tempo.

“Olha pro céu meu amor, veja como as bandeirinhas diminuíram, a fogueira apagou e o sanfoneiro se aposentou”

As bandeirinhas foram diminuindo e aos poucos se tornaram decoração apenas das pequenas festas ou de alguma festinha da escola. A quadrilha que tanto me enchia os olhos com seus chapéus de palha de vestidos rodados perderam espaço para o estilo country que tem como característica o chapéu de cowboy, a bota que tanto bate no chão nas canções e as camisas xadrez.

O pau de fitas perdeu espaço, a fogueira foi apagada. As comidas tão típicas como cuzcuz, milho quente, pipoca aos poucos perderam espaços para o hot-dog, hambúrguer e batatas fritas acompanhadas de queijo cheddar. Não irei nem falar do pé-de-moleque, paçoca e da maçã do amor que pelo visto foi a única sobrevivente.

O sanfoneiro parou, o triângulo já não soa tanto assim, mas vemos que um evento tão grandioso foi capaz de abraçar outros estilos e o novo jeito de comer do brasileiro. É capaz de ter na mesma noite um artista cantando Asa Branca, uma banda de forró estilizado e um sucesso recente da música sertaneja.

São_João_no_Pelô_2
Quadrilha se apresentando

A transformação era inevitável, e esse texto não é uma crítica ao que ela se tornou, pelo contrário, é uma homenagem um pouco nostálgica, mas cheia de orgulho das origens que tenho e que ainda resistem nas escolas e em cidades espalhadas pelo país. Aos poucos a festa se tornou ainda mais popular e ganhou o coração de outros públicos. Ainda tem moça fazendo prece ao santo casamenteiro, competição entre Caruaru e Campina Grande para saber qual tem o maior São João (lógico que é Caruaru), maçã do amor, roupas coloridas e pintinhas enfeitando os rostos da meninada. Meu São João está vivíssimo nos corações que sempre pulsam mais forte ao ouvir as notas que aquele homem da sanfona arretada nos deixou.

Um “xero” virtual,

Yasmin Vilar

Autor:

Futura jornalista, viciada em livros e roupas floridas, dona de um gosto musical peculiar e de um blog e brechó online nas horas vagas.

Deixe um comentário