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Ele precisava de cor

Durante o mês passado um mini-documentário estrelado por Jim Carrey se tornou viral na plataforma Vimeo. “I Needed Color” veio para mostrar a fase que o ator vem vivendo nos últimos anos onde vem evitando aparecer na mídia, embora que tenha estrelado “Amores Canibais” (The Bad batch) este ano e com aparência quase irreconhecível para o papel.

O vídeo com cerca de seis minutos mostra uma nova paixão do ator: a pintura. Jim relata que desde pequeno passava parte do tempo fazendo performances para familiares e amigos e a outra parte era ocupada por poesias e seus desenhos. Porém há cerca de seis anos viu na pintura uma forma de curar seu coração partido após a sua separação com Jenny McCarth. Além disso ele revela que o inverno em Nova York foram um dos motivos que contribuíram – “Eu precisava de cor”

O ator Jim Carrey  pintando no escuro com cores neon um dos seus quadros.
Jim Carrey e pintura neon – Foto: Reprodução do documentário

Este seu lado artístico já fora apresentado uma vez no programa da Ellen Degeneres, onde em uma brincadeira fez com latas de spray uma pintura no chão representando Debi & Lóide, porém desta vez a sensibilidade e seriedade mostra ao público que Jim Carrey é um artista completo e é possível ver a excelência em suas pinturas.

Jim Carrey sentado sobre um balde pintando uma das suas obras. Ao fundo, seu apartamento com telas espalhadas.
Jim  pintando em seu apartamento – foto: reprodução do documentário

Carrey diz que quando começou a pintar estava tão obcecado que o apartamento repleto de quadros o fazia mal ter lugar para se mover, e que desse modo parte das obras acabaram se tornando sua mobília, chegando muitas vezes a comer encima dos quadros.

Durante o vídeo Jim explica alguma das suas obras como algumas relacionadas a figura de Jesus Cristo e a do coração incendiando ao entrar na atmosfera quando é perdido. Este lado sensível do ator era muitas vezes escondido pelo seu lado comediante, porém é possível notar um lado extremamente sensível e de certa forma triste, que precisava ser exposto de alguma maneira. 

“Você pode dizer o que eu amo pelas cores das pinturas, dá para saber como é minha vida íntima pela obscuridade de algumas e dá para saber o que eu quero pelo brilho dos quadros” – Jim Carrey

Com muita delicadeza o documentário nos leva à reflexão sobre expressar seus sentimentos, seja através de uma forma artística como Jim fez, ou até mesmo o simples ato de falar que pode ajudar na nossa estabilidade emocional. Jim vem mostrando que sua vocação vai muito além da comédia, podendo sim ser um grande ator dramático como em “Brilho Eterno de Uma Mente sem lembranças”, assim como um pintor.

Sua primeira exposição “Sunshower” que leva o nome de uma das suas pinturas ocorrerá no dia 23 de Setembro em Las Vegas, o site da exposição contém mais um pequeno vídeo sobre seu trabalho.  Confira na galeria abaixo alguma de suas obras.

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Um abraço colorido,

Yasmin Vilar

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As estrelas escondidas da NASA

Resultado de imagem para hidden figures tumblrNo domingo passado (09) resolvi riscar mais um filme da minha lista. Escolhi Estrelas Além do Tempo” (Hidden Figures é o título original). O filme foi lançado no dia 02 de fevereiro e conta com as atrizes Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, além das atuações de Kevin Costner e Jim Parsons (o Sheldon de The Big Bang Teory).

O filme se passa no ano de 1961, época em que o planeta vivia em momentos de tensão devido a Guerra Fria entre a URSS e o EUA. Os dois países competiam na corrida espacial tendo o avanço da URSS com o envio de um cachorro, e os EUA investindo e correndo contra ao tempo para o envio do primeiro americano a orbitar a Terra John Gleen. Além disso conhecemos a história de três afro-americanas responsáveis por tal feito: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson.

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Katherine Johnson e a atriz Taraji P. Henson respectivamente

Katherine Johnson sempre foi uma criança prodígio e isso não mudou com o passar do tempo. Ela era formada em física e matemática e trabalhava como “calculadora humana” juntamente com um grupo de mulheres negras, até ser designada a trabalhar como calculadora para conferir os cálculos dos engenheiros da NASA. A personagem que é mãe assim como suas colegas e viúva enfrenta o preconceito dos colegas de trabalho por ser a única afrodescendente a trabalhar com brancos em pleno período de segregação racial nos Estados Unidos. Ela contribuiu com os cálculos para o lançamento à órbita de John Gleen e fez parte da equipe para lançamento do Apolo II. Katherine recebeu das mãos do ex-presidente Barack Obama a medalha presidencial da liberdade no ano de 2015.

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Dorothy Vaughan e Octavia Spencer

Dorothy Vaughan era professora de matemática, mas passou a trabalhar na equipe oeste da NACA (que se tornou NASA posteriormente) ela exercia o papel de supervisora das garotas dos cálculos mesmo sem receber por tal função ou ser promovida e viu seu emprego e o de mais 30 garotas serem ameaçados com a chegada do computador IBM responsável pela atividade de calcular. Dorothy viu na tecnologia a chance de garantir seu emprego e passou a estudar e ensinar suas colegas a operar a máquina. Ela se tornou a primeira supervisora negra da NACA e com a mudança para NASA trabalhou na divisão de análise e computação.

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Mary Jackson e Janelle Monáe

Mary Jackson era formada em matemática e física e trabalhava no setor oeste da NACA  até que foi designada para trabalhar com um engenheiro em um túnel de alta pressão. Para designar seu trabalho precisava ter o diploma de engenheira e então com o apoio do engenheiro Kazimierz Czarnecki, seu marido e amigas foi para a justiça para conseguir estudar em uma universidade destinada apenas para brancos. Mary foi a primeira engenheira negra da NASA e realizou vários estudos sobre as limitações da camada de ar em aeronaves.

O empoderamento do trio

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Além das mentes brilhantes o filme aborda questões que infelizmente continuam presentes em nossa sociedade até hoje: o machismo e o racismo. Durante o filme é notável a subestimação em relação as personagens por parte dos homens que sempre questionam e surpreendem-se com a inteligência das garotas que são o cérebro da instituição. Várias cenas mostram diálogos onde as protagonistas rebatem as críticas mostrando o quão poderosas são.

Outra questão muito discutida no filme é sobre o racismo e a segregação que fazia parte da sociedade americana graças as Leis de Jim Crow que inclusive proibiam que pessoas negras ou que possuíssem algum negro como antepassado se casassem com uma branca. Era extremamente comum haverem objetos destinados as pessoas “de cor” como banheiros separados, escolas, assentos em transportes públicos e até mesmo a cafeteira da personagem Katherine Johnson que não era tocada pelos colegas.

Aos poucos vemos no filme as pequenas conquistas das protagonistas e seus grupos e vibramos com cada uma delas por mais pequenas que sejam como a destruição dos banheiros segregados dentro da NASA até mesmo a promoção das personagens a cargos maiores.

Sendo assim “Estrelas Além do tempo” é um filme empoderado que nos faz refletir, principalmente por ser baseado em fatos reais, sobre as conquistas que mulheres e outros grupos ainda tem que percorrer para combater os pequenos desafios que ainda estão presentes mesmo após quase 60 anos. Certamente o filme levou alguns dos seus espectadores (assim como a mim) as lágrimas com seu relato sobre a vida de três mulheres americanas que entraram para a história com sua inteligência e perseverança.

 

Vários abraços virtuais e um bom filme,

Yasmin Vilar