Publicado em Comportamento, Música, Reflexão

Representatividade negra na nossa música

No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares, um grande líder e símbolo da resistência negra no país, morria na região da Serra dos Dois Irmãos no Estado de Pernambuco. Mesmo com 322 anos da morte do último líder do Quilombo de Palmares, pessoas negras sofrem com preconceito, discriminação, além de acusações de vitimismo enquanto pessoas são agredidas gratuitamente por um único motivo: a cor da pele.

Ontem, foi comemorado o dia da Consciência Negra no Brasil com o intuito de trazer reflexões e visibilidade àqueles que muitas vezes sofrem no seu cotidiano. A música brasileira possui grandes cantores  renomados e artistas negros em ascensão que merecem um play  e por isso listei algumas músicas para dar ritmo a sua semana. Vamos à playlist?

Rincon Sapiência

Rincon Sapiência, com muito estilo e rimas, traz um rap empoderado em “A Coisa Tá Preta” que referencia as lutas do período escravocrata, além do grande ícone Zumbi, fazendo uma ligação com a permanente luta da população negra contra o preconceito.

“Se eu te falar que a coisa tá preta
A coisa ta boa, pode acreditar
Seu preconceito vai arrumar treta
Sai dessa garoa que é pra não moiá”


Elza Soares

Aos 87 anos Elza Sores continua sendo um grande símbolo da música nacional, a mulher que enfrentou racismo, a pobreza, preconceitos e a violência hoje brilha ao falar da sua luta e mostrar seu empoderamento para todos. Nessa segunda-feira (20), a cantora lançou uma nova versão do seu sucesso “A Carne ” com a participação da judoca Rafaela Silva.

“A carne mais barata do mercado é a carne negra”.


Marvyn

Marvyn é um carioca que largou o litoral para morar na capital do país desde 1997. Em entrevista ao G1 o cantor afirma que faz MNB (música negra brasileira) e é através da internet e de forma independente que o cantor vem fazendo sua música ser conhecida.

“Respeita minha pele preta
Meu orgulho negro
E é assim que eu sou
respeita o meu cabelo preto”


Preta Rara

Joyce Fernandes, conhecida popularmente como Preta Rara, faz em uma jornada dupla a conscientização das pessoas através da música e da sala de aula. Com uma carreira de cerca de doze anos, a cantora traz a militância negra e feminista de forma muito presente em suas composições.

“Negra Sim, Não sou Mulata
Hey! Corrijam suas palavras 
Negra Sim, Não sou Mulata
Nos somos negras não importa o que haja”


Nina Oliveira

Conheci a música de Nina Oliveira ao ver um vídeo da música “Bondade Eternamente” com a participação do cantor Rubel. Com uma voz doce e serena, a cantora conta a história de Dandara, símbolo da mulher negra e esposa de Zumbi dos Palmares de uma forma encantadora.

“Dandara do meu quilombo
Me faz livre e voar
Rainha do meu congo
Me dá forças pra lutar
Ê Dandara”

 

Um abraço virtual,

Yasmin Vilar

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A arte de dizer NÃO

Sempre tive muita dificuldade de dizer não.  Parte de mim não queria decepcionar as pessoas, ou parecer grosseira, mas com o passar dos anos notei que ele é necessário e é algo que você aprende a fazer.

Desde os folhetos da rua que no final do dia chegavam a encher uma sacolinha plástica, grandes favores para amigos que poderiam muito bem fazê-los,  a terrível mania de querer carregar o mundo sobre as costas querendo dar conta de tudo e de todos, até que o cansaço bateu à porta, balançou a minha saúde e eu pensei: agora já deu!

Aprendi a me valorizar, a cuidar de mim mesma e refletir sobre as situações, ninguém é obrigado a agradar a todas as pessoas ao seu redor apenas para parecer bacana. Hoje continuo fazendo favores, mas aqueles alcançáveis, que não me prejudicam e feitos de coração com a real intenção de ajudar, ou seja, muito mais sinceros.

Devemos dizer não para relações abusivas, não para coisas que não queremos como o da Maísa em plena rede nacional (afinal ela não é obrigada a nada), para a violência, preconceito e machismo, dizer não para pessoas que te sobrecarregam por comodidade e até mesmo amizades que não são muito sólidas (porque qualidade nunca foi sinônimo de quantidade). Dizer  um não para tudo aquilo que nos empurra para baixo quando somente queremos nos reerguer, mas dizer sim para as oportunidades da vida afinal uma coisa não anula a outra.

É difícil ter essa coragem mas é uma prática que leva tempo e deve ser feita aos poucos, para nos fortalecer. Ela nos mostra quem realmente está conosco e não só para usufruir da nossa bondade e permissibilidade que somos ensinados a ter, aprenda a ter mais que o sim na ponta da língua e seja quem você quiser.

Um abraço virtual,

Yasmin Vilar

Publicado em Comportamento, Reflexão

Encontro marcado

Este post vem da necessidade de desabafar. Desabafar sobre essa mania terrível de tentar se encaixar nas mais variadas situações possíveis, fugindo da sua essência, do seu verdadeiro eu para se sentir integrado em algo.

Foram várias tentativas de mudanças ao longo desses anos, a personalidade mais quieta e caseira apesar de brincalhona, era o gosto musical que parecia estranho demais para uma garota da minha idade, minhas roupas que eram diferentes com meus casaquinhos de gente velha (como se moda tivesse idade), a escolha da profissão que tanto mudei de opinião à respeito por medo e falta de autoconhecimento.

Tentei me encaixar em grupos que nada tinha a ver comigo, tentei músicas, passei por cores e até a falta delas (sim, eu me vestia muito de preto), comidas, livros, filmes. Foram dias que se tornaram meses e anos até finalmente a encontra. Encontrar a verdadeira garota que habita em mim.

São várias mudanças, experiências e coisas que vamos guardando na nossa malinha de mão, mas isso só permite que esse encontro se torne cada vez mais frequente e amigável.

Encontrei uma garota que ama seus casaquinhos de velhas, roupas diferentes, coloridas e estampadas para combinar com a personalidade que é bem humorada e muito mais leve atualmente. A menina que na playlist passa de pop dos anos 2000 para The Beatles e Chico Buarque em questão de poucos minutos, que ainda não assiste filmes de terror, e associa o clima do dia através da cor do céu. Encontrou uma profissão para seguir e se for necessário trocará para continuar se encontrando. Não sinto vergonha, nem medo de dizer aos quatros ventos minhas preferências, que somadas me tornam única nesse planeta de 7 bilhões de habitantes que também deveriam se sentir assim.

Aqui na agenda deixei um futuro encontro marcado comigo mesma, para me entender e refletir, para me conhecer. E você, já se encontrou recentemente?